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Mostrando postagens de 2008

Zero

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Acabei por descobrir que sou um número. Não falo de amores e sentimentalismos, apesar de saber que já fui "só mais uma" pra alguém que foi único pra mim. Falo de coisas banais, reflexões estranhas. Eu sou um número. Sou só mais uma no meio de milhões. Eu sou meu RG, meu CPF, meu título de eleitor, minha matrícula na escola, no curso e no cursinho, meu cadastro para comprar o passe, e até a data do meu aniversário. Eu sou uma contagem de anos, meses e dias desde que nasci. Sou a minha idade. Contagem de dias, horas, minutos. 1 segundo, 2 segundos, 3 segundos... Uma contagem progressiva até o fim da minha vida. Eu sou minha inscrição para o vestibular, o código do curso que escolhi, a quantidade de candidatos concorrentes e até a nota que preciso tirar. Sou o número da linha de ônibus que pego para voltar pra casa, o número que fica gravado na catraca. Eu sou a placa do carro no meu pai, ou do que carro que ainda vou comprar. Sou meu número de celular, meu salário no fim d

Papel no Chão

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Eu odeio gente que joga papel no chão. Eu odeio pegar um onibus lotado. Odeio não ter tempo pra fazer o que eu gosto. Eu odeio gente mal educada, odeio gente acomodada, e eu sei, aqui não é o meu lugar. Eu cansei. Cansei de gente que grita por aí que o mundo tá errado, mas que não faz nada pra ajudar esse mundo a mudar. Cansei de quem me julga pelos meus erros, mas não olha os próprios. Cansei do meu jeito infantil, cansei de mim. Eu cansei de só aceitar e não fazer nada. Eu cansei dessa minha "falta de tempo". Essa justificativa idiota que eu encontrei pra me acomodar. Eu não cansei da minha rotina, mas cansei. Eu não cansei de andar pra lá e pra cá, de ter casa só pra dormir, dormir pouco, mas eu cansei. Eu cansei de falar demais. Eu cansei de ser como eu sou. Eu cansei, eu cansei! Cansei de falar por entrelinhas que ninguém lê. Cansei de escrever coisas que ninguém além de mim consegue entender. O mundo é um barquinho de papel, mas o papel é de seda e tenho a impressão qu

Rifa-se um coração (Clarice Lispector)

Rifa-se um coração Rifa-se um coração quase novo. Um coração idealista. Um coração como poucos. Um coração à moda antiga. Um coração moleque que insiste em pregar peças no seu usuário. Rifa-se um coração que na realidade está um pouco usado, meio calejado, muito machucado e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões. Um pouco inconseqüente que nunca desiste de acreditar nas pessoas. Um leviano e precipitado coração que acha que Tim Maia estava certo quando escreveu... "...não quero dinheiro, eu quero amor sincero,é isso que eu espero...". Um idealista... Um verdadeiro sonhador... Rifa-se um coração que nunca aprende. Que não endurece, e mantém sempre viva a esperança de ser feliz, sendo simples e natural. Um coração insensato que comanda o racional sendo louco o suficiente para se apaixonar. Um furioso suicida que vive procurando relações e emoções verdadeiras. Rifa-se um coração que insiste em cometer sempre os mesmos erros. Esse coração que erra, briga, se expõe. Per

Fugir

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Vida vaga. Cheia de medos e falhas. E a luz distante da realidade. Olho sempre pra frente, mas o lado que eu olho é sempre o lado errado. Eu sigo sempre em frente, de encontro à parede. Eu sigo, em frente. Eu vivo. Estado vegetativo -de mente. A realidade é do outro lado. Fácil perceber, basta querer enxergar. Mas não, eu ali parada em frente à porta, presa a um mundo que eu, alienada, criei para me proteger -de nada. Um mundo que eu tomei como verdade. Medo, puro medo. Insegurança que todos sentem. Parada em frente à porta com medo de sair. O que você está dizendo? Não entendo. Vejo milhões de vasos sem nenhuma flor. O que eu estou fazendo? Preciso furgir, sair daqui. Ou simplesmente ficar, e aceitar. Ver a vida passar, apenas assistir. Milhões de vasos. Eu sou um vaso de barro, modelado de forma errônea. Por culpa de quem? Ninguém. Eu não tenho flor, nenhuma flor.

Crepúsculo

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Tô procurando uma caneta pra escrever, tô procurando um papel pra rabiscar, tô procurando um livro pra ler, tô procurando e não consigo me encontrar. Tô procurando algo pra esquecer, tô procurando o tempo pra voltar, tô procurando alguém pra entender, tô procurando minhas histórias pra contar. Não me encontro mais, e quase desisti. É um crepúsculo vermelho-sangue, um mar de olhos já com ondas prestes a se arrebentar. Tô procurando o fim de tarde, to vendo o azul e esperando o laranja. Tô procurando alguém que escute o que tenho pra falar. Contar que minhas feridas ainda abertas nunca cicatrizam. Que às vezes me sinto dormente, outras vezes a dor aguda me corta. Poucos conhecem os reais motivos, pouquíssimos já viram o que há por trás da máscara. Tiro lições de tudo que vivo. Se vivo, tem um motivo. Descubro o motivo e faço dele lição. Por esses dias, fazem mais 365 dias que procuro lições. Por esses dias, fazem 1095 dias que não sou mais a mesma. Eu estou olhando pro azul, esperando

Muito Obrigada

De todas as coisas que eu podia ter dito, eu disse "tá, tudo bem". De todas as coisas que eu ter feito, não fiz nada. Deixei que tudo fosse como tinha de ser. Sem perdas, sem danos, sem traumas. Eu precisava dizer que valeu muito a pena, todo esse tempo, mas não disse. Só pedi pra você se cuidar, como sempre fiz, e mais nada. Não tinha nada pra se dizer. Tá tudo bem agora. Na verdade, eu não sei bem o que aconteceu. Não choro, e não fico pensando nisso com imaginei que faria. Às vezes olho minhas mãos vazias e a única coisa que me vem em mente é: "Muito obrigada". passei a ver as coisas de outra forma, como nunca pensei que veria Eu sinto muito se não fui como imaginou que fosse. Acho que confundi as coisas. Talvez não fosse isso exatamente o que você queria, talvez não fosse isso que EU queria, mas não me arrependo, de nada. No fundo, eu sabia. Tinha alguma coisa que gritava comigo, como há muito não acontecia. Tive medo, eu nunca tinha me enganado antes, como n

Jornais

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"As pessoas que se enrolam nos jornais não são mais notícia Elas não esperam de um papel de duas cores mais que um pouco de calor" Jornais (Nenhum de Nós)

Quem é mais sentimental que eu?

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Amargo é o gosto da minha alma hoje, é azedume puro. Não quero falar com ninguém, ao mesmo tempo que não quero sentir meu eu tão sozinho . Isso faz-me lembrar, são quase onze dias que não te vejo. Mas não vim falar sobre o tempo , vim pra falar de amor . Quero que saiba, é tanto amor que guardo aqui, que vejo tudo de par em par, um par de olhos pra te olhar, e procuro o par do sapato novo que comprei pro nosso passeio . Vamos passear? Pode ser Paquetá , ou Hollywood , talvez pra ir ao cinema mudo e olhar as estrelas. Eu vou tirar você desse lugar . Pra não ter que te dizer que fingi na hora rir , pra não pensar em como seria tudo sem ter você . Só isso que quero te dizer. Quero sentir a libertade em meu rosto em forma de brisa. Vou te contar, vi dois barcos em alto mar, senti a maresia , olhei o horizonte distante , e me perguntei: De onde vem a calma ? De onde vem essa calmaria que enche meus olhos de cor, e que do lado de dentro de mim, reflete o que sou? Me comparo ao m

Hoje

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Hoje acordei com vontade de dormir. Hoje saí das cobertas sem querer me levantar. Hoje passei o dia sem te ver sorrir. Hoje deu saudade e eu quis te procurar. Hoje eu fui à aula e o caderno não abri. Hoje é terça-feira, e quinta ainda demora. Hoje eu não sei o que deu em mim. Hoje quero saber o que está fazendo agora. Não sei que bicho me mordeu. Não sei se é bicho, e não sei se morde. Hoje é um dia diferente, mas não sei o que aconteceu. A culpa deve ser sua. Sua, só pode. Hoje eu passei o dia olhando em vitrines, olhando corações e coisas que não fazem meu tipo. Hoje eu andei na rua rindo sozinha, coisa que eu não faço, não assim, sem motivo. Hoje eu disse que te amo três, quatro, cinco vezes seguidas. Hoje tô separando letras de canções. Hoje to falando coisas "fofuxinhas", tô fazendo declarações. Hoje to me tranformando em algo que eu não era. Hoje eu passei na praça e senti a sua falta. Hoje meu dia tinha cara de primavera. Tô com saudade, e isso me mata. Hoje eu quis t

Relógio sem ponteiros

Olhos no relógio, em um relógio sem ponteiros. Olhos no Senhor do Tempo, que parou o tempo pra me atormentar. De quando em quando o tempo a se multiplicar. Mas só quando espero. Os segundos viram minutos, minutos viram horas, horas viram dias, dias viram semanas, semanas viram meses e meses viram anos. Mas só quando espero. Esperei cinco anos em cinco minutos. Espero anos para viver segundos. Que o tempo dispara e faz a espera mais longa, e os momentos mais curtos. Mas mal chega o fim da espera, ao fim de uma piscadela, já estou a esperar mais uma vez. Num milésimo de segundo futuro-presente, que virou passado, me vi a esperar novamente. Vivi meus segundos, que somados se fizeram meses e eu nem senti. Só senti as esperas, e das esperas já nem me lembro. Foram os momentos que fizeram o relógio correr com seus ponteiros, apressado -meu relógio sem ponteiros. Desses nunca esqueci. -x- "...Olhando o relógio O tempo não passa Quando eu me afasto de você Mas se de repente Ele fica apre

Eu preciso de...

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Eu preciso de um emprego, eu preciso de idade, eu preciso de dinheiro. Preciso de amor, entrar na faculdade, preciso ter sossego. Eu preciso estudar, preciso de férias, preciso sair de casa. Preciso me distrair, preciso me concentrar, preciso aprender a nadar. Eu preciso tomar banho de chuva, me jogar na piscina, me enfurnar em um escritório. Preciso de mais tempo pra família e menos pro trabalho (que eu preciso). Preciso, preciso, preciso. Durante todo ano eu precisei estudar para o vestibular, durante o ano inteiro eu precisei me dedicar. E agora? Agora preciso me dedicar ainda mais pra fazer uma boa redação. Eu preciso de mais tempo, preciso de inspiração. Eu preciso de tudo e de nada, "eu preciso ser preciso". Eu preciso parecer séria e aplicada, eu preciso de um sorriso. Na verdade, ninguém sabe muito bem do que precisa. Pra ser sincera, nem eu sei mais o que me é essencial. A "necessidade" minha, pode ser completamente diferente da do outro. Eu preciso de um

Caixinha

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Estou sentada em frente a árvore. Estou sentada no banco da praça. Pernas cruzadas, mãos nos joelhos, pés inquietos, esperando. Banco em frente a árvore, árvore na praça, praça em frente a igreja. Estou sentada, mas não em frente a igreja, em frente a árvore. Estou esperando, e o tempo parece se arrastar. MEU CELULAR! -Alô? Vai demorar muito? -Não. -Okay... Pés inquietos, mãos nos joelhos, a leitura foi pro espaço. Quem vai prestar atenção em um livro quando se está tão inquieta e curiosa? Enfim, mas não fim do mistério. Não estamos mais em frente a árvore. Estamos numa mesinha quadriculada como um tabuleiro de xadrez. Mãos sobre a mesa. -Tô curiosa! -Vai continuar, espera um pouco... -Mas que coisa, quanto mistério! -Não faz a menor idéia do que seja? -Não... Fala logo! -Tá bom! Aqui. Pega. -Ahn? O que tem dentro?-Era uma caixinha que cabia na palma da minha mão. -Não era tu, a curiosa? Abre. Fiquei sem fala. -Quer? -Eu te amo!

Linha do tempo

Quando se é criança, te ensinam que você deve ser cortês, deve seguir as regras, deve respeitar os mais velhos, e pedir a benção aos avós. Há quem diga que isso é pura besteira, e quem diga que essas são coisas essenciais que você leva pro resto da vida. Na adolecência, você acha que ser um "rebelde sem causa" e desrespeitar todas as regras é a coisa certa a se fazer. Você acha que seus avós nunca vão te entender porque você é da "ultima geração", mas não se dá conta que um dia você passará do moderninho para o julga "ultrapassado" sem nem notar. Há quem diga que rebeldia é uma fase, e quem diga que é "falta de umas boas palmadas". Quando você se torna um adulto, começa a se dar conta que não vai passar a vida toda dependendo dos pais, e mais uma vez, as regras que te ensinaram na infância vão vir à tona. Você percebe que algumas dessas regras realmente são importantes, porque construíram o seu caráter, e você vai passá-las a seus filhos, qu

Respiração Multicolor

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Das asas delicadas de uma borboleta, se avista a vida respirando colorida. Nunca esperei minhas borboletas, nunca busquei, apenas deixei que viessem. Tão frágil quanto as asas de uma borboleta, a vida, que nos dias de hoje parece respirar com aparelhos, mas que as vezes nos prova o quão forte se faz, e ao mesmo tempo delicada. De mar se reduz a aquário, de força e coragem se reduz à sobrevivência. Por quê? Homens e máquinas fazendo o mundo parar de respirar. Homens-máquinas matando o que lhes faz viver, parando de respirar. Enquanto isso, a vida segue seu rumo, lenta. Enquanto as máquinas derrubam tudo que encontram, as borboletas seguem seu rumo, leves. E nós? Esperamos que a vida respire colorida, mesmo que o homem-máquina teime em nos tirar a cor. -x- Todos os créditos da foto ao meu priminho querido, Paulo Ricardo. Vi essa foto o orkut dele e não pude evitar de postar aqui.

Janelas

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Ela tinha flores em suas mãos, um rosa em pedaços. Tinha uma rosa despetalada. Uma única pétala. Uma canção, e mais nada. Ecoando notas, refletindo olhos, perdendo memórias, procurando portas e janelas, revirando tempestades, fungindo de si, refletindo olhos. Refletem os olhos, os lábios não se mexem, nem uma palavra se quer. Só olhos que refletem água. Olhos que refletem um mar, todo o oceano, e os lábios imóveis. Eis que se abrem as cortinas, surge uma janela. Vento, ventania, revirando tempestade, e a música ecoando, se espalhando, cada vez mais forte, fazendo-a viajar. E no compasso da melodia, o compasso de um coração. E os olhos refletindo um oceano inteiro. Cabelos esvoaçantes, braços abertos, está ela de frente pra janela. Um mosaico em forma de flor, violinos, vitrilhos coloridos refletindo nos olhos, no mar dos olhos. O que ela diz? Nada. Lábios calados. Violinos refletindo no mar de seus olhos e a melodia ecoando, vinda de onde? Ela nunca soube. Nunca entendeu o que tinha

Falta inspiração, colega. Falta muita inspiração.

Tá, hoje não saem poesias porque a tia Kizzy tá sem inspiração... Num dia quente que nem hoje a cabeça não funciona direito, vai entender... Sinceramente, eu to fritando, mas não vem ao caso. Bom, as ultimas coisas que tenho pensado são: porque raios as pessoas SEMPRE acham melhor decidir por mim o que é melhor pra mim? "Mas é pro teu bem, não é pra te magoar". Tá, se quer isso, faça. Se acha que é o melhor a se fazer, simplesmente faça, mas por favor, não dê a justificativa de que "é para o meu bem". Ninguem sabe se é mesmo para o meu bem, ninguem sabe se é pro seu PRÓPRIO bem.. Ai, tô ficando cansada. Mas, mudando de assunto, estava eu sem inspiração para escrever algo, e disseram pra escrever sobre o "Planeta Atlântidaaaa, o planeta feito pra você. Onde a música é o ar que eu respirooo...". Mas eu nem vou (não por meus pais, porque eles até insistiram pra que eu fosse), mas sei lá, a previsão é que 45 mil pessoas vão para assistir os shows (QUARENTA E C

Reaprendendo a Voar

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Estou recompondo minhas asas, é bem verdade. Já não as sinto, talvez não as tenha mais. Soube que perdi há muito, que nem lembro. Só lembro que ouvi alguém dizer: "Fins não declarados não são menos dolorosos". Senti na pele. Senti minhas pernas estremecerem, meu peito apertar, e uma fisgada. Senti, mas até hoje não entendo. Dizem que foi naquele momento que acordei para o mundo, naquele fim não declarado que me vi completamente humana, com todos os defeitos e falhas, todas as incertezas. Estou reaprendendo a me desprender do chão, e pra ser sincera, me sinto bem mais leve. De um jeito estranho, e não como eu imaginava. Uma leveza que de certa forma, "machuca". As vezes sinto uma vontade incontrolável de chorar, e chorando quase me esvaio em lágrimas, mas passa. Dizem que ainda é consequência. E hoje fechei meus olhos e vi o que não quis ver, e perdi o chão mas não voei. Hoje quis sentir terra sob meus pés, mas não pude. Estou reaprendendo a voar, e ás vezes ainda d