Quem é mais sentimental que eu?


Amargo é o gosto da minha alma hoje, é azedume puro. Não quero falar com ninguém, ao mesmo tempo que não quero sentir meu eu tão sozinho. Isso faz-me lembrar, são quase onze dias que não te vejo. Mas não vim falar sobre o tempo, vim pra falar de amor.
Quero que saiba, é tanto amor que guardo aqui, que vejo tudo de par em par, um par de olhos pra te olhar, e procuro o par do sapato novo que comprei pro nosso passeio.
Vamos passear?
Pode ser Paquetá, ou Hollywood, talvez pra ir ao cinema mudo e olhar as estrelas. Eu vou tirar você desse lugar. Pra não ter que te dizer que fingi na hora rir, pra não pensar em como seria tudo sem ter você. Só isso que quero te dizer. Quero sentir a libertade em meu rosto em forma de brisa.
Vou te contar, vi dois barcos em alto mar, senti a maresia, olhei o horizonte distante, e me perguntei: De onde vem a calma? De onde vem essa calmaria que enche meus olhos de cor, e que do lado de dentro de mim, reflete o que sou?
Me comparo ao mar. O vento faz dele o que quer, assim como meus sentimentos fazem o que querem de mim. Há algum tempo, pensava: "É de lágrima que o mar é feito". Vi minha lágrima evaporar, depois voltar aos mares. Lágrima que sobe aos céus e depois desce novamente, num ciclo sem fim. Essa descoberta fez chover em meus olhos uma santa chuva. E assim, mais uma vez, fez-se mar. Fez-se o meu mar, de meus olhos. Tudo por por causa de uma chuva causada pelo meu coração. Foi aí que vi, o ritmo da chuva é ditado pelo compasso do coração.


Pois é, a vida é assim. Quando eu digo que o que eu sou vai muito além do que se vê, ninguém parece acreditar. Enquanto eu estou sentada na janela esperando a vida passar, tem gente que vai embora sem nem se despedir, outros vestem uma certa máscara negra e se jogam do primeiro andar. Há aqueles que sentem a dor da despedida, e choram lágrimas sofridas de um coração que bate dolorido, ditando ritmo de uma tempestade. Quem sabe, pra alguém, esse outro alguém tenha sido seu ultimo romance. Quem sabe, esse alguém não tenha mais pra quem dar bom dia, não vai ter mais pra quem sorrir, vai estar lá, no sétimo andar olhando a banda passar em algum carnaval que não é o seu. O pierrot a sorrir, os pássaros a cantar, a primavera chegar, e que o dois em um agora não passa de um sábado morto. Foi só o cara estranho passar a cara valente, que o samba a dois perdeu a melodia e o "adeus você" pode acabar como Romeu e Julieta. Mas é a vida, não há nada a se fazer, todo carnaval tem seu fim, essa é só mais uma canção que fala de amor.

-Tenha dó, sou apenas mais uma brasileira!- Assim eu penso às vezes. Mas não, vou muito além disso. Vou muito além até do meu próprio nome, mas é aí que começo a ser eu.
Eu podia me chamar Melissa, Anna Júlia, Bárbara, Lisbela, Gabriela, Aline, Carol, ou podia ser uma bela morena, capa de revista, podia ser a garota de ipanema, mas não sou. Não tenho o mundo aos meus pés, também não sou o vencedor da loteria, não sou ela, não sou a outra ali, e disso tudo, acho que o pouco que sobrou é o que me é mais familiar. E por ser tão pouco, não me preocupo. Deixo o destino se encarregar de tudo. Assim será, se tiver que ser. Ainda é cedo pra dizer, mas acho que sou sentimentalista demais. Não sei se sigo o coração ou a razão... Mas a tendência é que meu vento sempre me leve pra onde quer, fazendo de mim, a menina sentimentalista e pouco racional quando o assunto é o próprio coração. Chegando a essa conclusão, me vejo obrigada a perguntar: Quem é mais sentimental que eu?

-x-

Tava ouvindo Los Hermanos e me inspirei...
Todas as palavras destacadas são nomes de músicas deles. Não ficou bom, mas sei lá, o que vale é a intenção, né?
Ah! E a foto, foi meu primo quem tirou ;D

"Pra se perder no abismo que é pensar e sentir"
Sentimental (Los Hermanos)

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