Estive te procurando


Estive te procurando por boates, botecos, bosques, praças, igrejas, puteiros, corredores, salas de aula. Te procurei na minha cama, na casa da vizinha. Te procurei no meio de uma roda punk de um show de uma bandinha que ninguém conhece, no bar de uma festa onde eu não conhecia ninguém, na recepção do consultório dentista, na fila do banco e do cinema, nas estações do ano e do metrô.

Estive te procurando em discursos inflamados de revolução, na platéia dos teatros, nas ideologias, nas crenças, na fé. No circo, no trapézio, na corda bamba. 

Te procurei em todas as cidades que conheço e até mudei de estado para ver se te encontrava. Geográfico e de espírito. 

Te procurei no líquido, na fumaça. Te procurei em todos os sorrisos que me encantaram, em bocas, olhos, corpos inteiros. Estive te procurando em vidrinhos de perfume dos mais variados: fortes, amadeirados, cítricos e adocicados. 

Ah, amor, me fala onde você mora? Por que é que você se esconde? Não precisa fugir, não... na verdade, eu te procuro mas acho que tenho mais medo de você do que você de mim. 

Conheci seus irmãos, sabe? E eles são muito parecidos com você, é bem verdade. Tanto que acabei me confundindo e eles nem fizeram questão de desfazer a confusão. Se passaram por você, se divertiram e depois foram embora. Me deixaram sozinha porque sou boba demais. Mesmo assim não consegui odiá-los totalmente porque, antes de ir embora, eles me disseram que você só vem a hora que quer e que, no fim, faz todo mundo de bobo. Pois é, tenho que admitir que é um tanto consolador (mas não menos dolorido) saber que não sou a única que te procura e vira brinquedo...

Meu amor, vim aqui só para dizer essa é sua última chance de me encontrar porque tenho pensado seriamente em desistir de você. É, às vezes a gente cansa, sabia? e não sou a única. Depois de tanto te buscar buscar sem resultado e bater tanto com a cara no muro, a gente para e pensa: Será que você realmente existe?

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