Bandeira Branca
Eram dois soldados e um campo de batalha. Armados até os corações, tomando cuidado ao andar por campos minados, que a qualquer momento poderiam levar tudo pelos ares. Um passo em falso e... BOOM!
Eram dois soldados armados e protegidos. Capacetes na cabeça, espessos escudos em seus corações.
- Corram para as trincheiras! - dizia alguém. E corriam os dois soldados em busca de alguma proteção. Um deles rezava e não conseguia disfarçar o temor, o outro apenas se concentrava nos sons que chegavam cada vez mais perto. BOOM! BOOM! BOOM!
Agora podiam ver a fumaça. BOOM!
O primeiro rezava baixinho:
- Senhor, me dê um pouco da coragem de meu companheiro, que não teme o futuro como eu. Ele tem o coração protegido e por isso não teme o que está por vir.
O outro ouvia o colega, mas nada dizia. Apenas reforçava os escudos em seu coração.
Os sons continuavam se aproximando, não havia mais nada a fazer. Até mesmo os mais fortes choraram. BOOM! BOOM!
Então houve uma última explosão e tudo acabou.
Só depois de muito tempo, quando lembrava dos tempos onde era apenas mais um soldado na guerra, é que o velho general compreendeu: seu companheiro de batalha, tão forte e destemido, se protegia por medo e não por excesso de coragem. Reforçava os escudos em seu coração até quase sufocá-lo e protegia sua cabeça até ficar só com os seus próprios pensamentos. Ele tinha medo de perder a cabeça e a guerra. Medo de acabar ali na trincheira, com o mesmo final triste de todos os outros companheiros que tiveram o coração esmagado.
- O problema, meu amigo, - pensava sozinho velho o General - é que som e a fumaça das explosões fecharam seus sentidos e você não viu quando chegaram os tempos de paz.