Das coisas nunca ditas II

Pensava na vontade incontrolável que batia no peito às vezes. Uma vontade de fugir, de deixar tudo para trás. Sabia que essa sequência de fugas ainda a condenaria à solidão. "Ser livre é, frequentemente, ser só", afinal. Pensou nas pessoas que abandonou, nas coisas que deixou de viver, nos amores que sufocou, nas palavras que não disse e nas borboletas que matava em seu estômago a cada vez que fugia. Alguma coisa tinha mudado.

Assim, sentou e escreveu:
"Às vezes me bate aquela irresistível vontade de te deixar para trás, mas, agora, ainda mais irresistível é a vontade de seguir adiante contigo."

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