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Mostrando postagens de novembro, 2012

Fragmentos I

Você era um guarda-chuva. Aquele guarda-chuva que a menina do teatro de rua queria abrir mesmo que fizesse sol e o guarda-chuva que faltou na tua volta até o carro naquele dia em que a chuva aumentava enquanto você corria me dizendo que "sim, te aviso quando chegar em casa, mas acho que você vai estar dormindo". Demorei a dormir. Fiquei pensando em tudo, do mesmo jeito que penso agora enquanto escrevo. 

Das coisas nunca ditas II

Pensava na vontade incontrolável que batia no peito às vezes. Uma vontade de fugir, de deixar tudo para trás. Sabia que essa sequência de fugas ainda a condenaria à solidão. "Ser livre é, frequentemente, ser só", afinal. Pensou nas pessoas que abandonou, nas coisas que deixou de viver, nos amores que sufocou, nas palavras que não disse e nas borboletas que matava em seu estômago a cada vez que fugia. Alguma coisa tinha mudado. Assim, sentou e escreveu: "Às vezes me bate aquela irresistível vontade de te deixar para trás, mas, agora, ainda mais irresistível é a vontade de seguir adiante contigo."

Das coisas nunca ditas I

"Me distancio às vezes, pareço um tanto relapsa, mas é que tenho medo. Tenho medo de me empolgar demais e depois quebrar a cara. Tenho medo da tua empolgação não ser comigo e sim com a ideia de que meu abraço te sirva como uma espécie de anestésico para dor que tu sentias pelo pedaço que te faltava - e que talvez ainda falte. Não, não é uma sensação nova ou desconhecida. É aquele mesmo aperto na garganta e o frio na barriga que há algum tempo eu não sentia. Talvez por esta ser uma sensação há tanto conhecida é que tenho medo. Mas o fato de tantas vezes ter gostado do torto, do que é complicado demais para viver ou seguir, de tantas vezes ter ido na contramão, hoje faz com que eu consiga reconhecer quando algumas coisas são diferentes. Quando esse diferente é uma mudança pra melhor. Sim, eu sei que vai ser. Isso desde que meu abraço não te sirva apenas como placebo, desde que tua vontade de rir das minhas bobagens não seja proporcional à vontade de esquecer ou não pensar em alg...